sábado, 12 de junho de 2010

Blame it on the love of rock and roll: a Bon Jovi experience. (parte 2)

Como dito anteriormente, a parte dois da Bon Jovi experience na O2 Arena vai falar um pouco sobre o show sob um viés de branding. Então, pra isso, é importante esclarecer que diabo é isso.

Bem, pra quem não sabe, em linhas gerais pode se definir Branding como uma experiência de consumo no sentido mais amplo da expressão: a expectativa e a geração do interesse (o pré uso), a vivência da marca (o uso) e a repercussão e call back (pós uso). O profissional responsável pela marca de uma empresa precisa estar ciente do que ela representa, dos valores que ela tem e transmitir isso ao público de forma consistente.

Dito isso (de forma simplificada, é claro), let it rock.

Em toda a tour The Circle, Bon Jovi vem fazendo um trabalho de chamar a atenção, extremamente profissional e direcionado a gerar e estimular o engajamento da sua base de clientes. Estratégias online, exploração das social-networks, utilização da imagem do Jon na medida certa pra gerar identificação com o público sem deixar que a projeção de um ideal se perca (distanciamento artista-público), parceria com a NBC e aparições exclusivas na emissora, diversificação de produtos (cd, dvd, livro...) e por aí vai. Faltava aquilo que os especialistas aqui consideram o mais importante: o show ao vivo.

Já no começo de tudo, mais uma bola dentro. Às 11h da matina recebo um email avisando sobre o show na cobertura da O2 Arena. Lembrando: minha reação foi levantar imediatamente, quase que no susto, me vestir e sair quase que sem pensar, porque o número de presentes seria limitado. Usando ferramentas online e sua base de fãs residente no Reino Unido, a banda partiu para uma ação que gerou engajamento e moveu pessoas a seguirem um movimento em direção a um show surpresa e relativamente exclusivo, ampliando a sensação de pertencimento e seletividade: "sou especial, isso aqui não é para qualquer um".

O Bon Jovi é a primeira banda que faz isso por lá. Nenhuma banda jamais tocou na laje da O2 Arena, mas isso não foi do nada, não foi apenas uma excentricidade ou esquisitice de uma banda que quer aparecer a qualquer custo. A primeira música que eles tocaram lá de cima foi "We weren't born to follow", primeiro single do The Circle. Alguém aí lembra onde se passa o clipe dessa música?? Se não, dá uma olhada:

http://www.youtube.com/watch?v=68Te8piQH70&feature=fvst

Daí pra dentro da arena. Gastei uma grana em produtos licenciados (pois é... essa merda de pesquisa tá me tornando um consumista compulsivo dessas porras) e aí vão algumas observações. O Bon Jovi apresentou três linhas de produtos por lá, que definem bem o branding que pretendem trabalhar: (1) a marca global Bon Jovi, produtos relativos à banda como core brand (2) a sub-marca The Circle, relativa à tour e (3) a marca institucional da Bon Jovi Soul Foundation, ligada a ações contra pobreza e em favor de desabrigados.

A qualidade dos produtos de cada uma das linhas é realmente muito boa a preços justos e variados. Ou seja, tanto aquele que estiver disposto se presentear com pequenas indulgências como aquele que quiser enfiar o pé na jaca podem aproveitar. O site dá uma demonstração ainda maior do que são os produtos e de como a banda vem explorando extensões de marca e apostando em produtos de qualidade diferenciada e na moda. O KISS, por exemplo, uma das maiores marcas da indústria da música em todos os tempos, não ofereceu na Wembley Arena produtos com a mesma qualidade e a preços que se considere interessantes (um pack com 3 palhetas + uma foto do Paul Stanley impressa em papel couché embalados num plástico transparente chinelão por R$60,00 é ofender meu bom senso - no final ainda peguei a palheta do Stanley no show - hehehe).

Aí chegamos ao show em si. Segundo os especialistas daqui, o que diferencia uma boa banda de uma banda TOP no mainstream é o palco, a comunicação com o público e a capacidade de engajar massas num espetáculo. Isso passa necessaria e principalmente pelo carisma e força de comunicação dos músicos, em especial do front man, mas também pela construção de uma experiência global de interação e percepção daquilo que cerca o concerto. Nesse sentido o Stage Design tem muita influência no resultado final dessa experiência.

Iluminação, arquitetura do palco e em especial a comunicação via telão, tudo para criar a atmosfera perfeita e complementar a mensagem central de cada canção. Nada que seja grande novidade, mas funciona.

A preparação para a entrada da banda no palco tem no telão a imagem da capa do The Circle. Lá do fundo da tela, a banda vem caminhando como que em direção do palco. Entrecortando a caminhada, flashes trazem palavras como "Hope", "Fear", "Pride" e "Life" com o áudio trazendo sons de interferência no sinal e um zumbido forte que cresce à medida que a imagem da banda se aproxima. Finalmente lá estão eles e a tour The Circle chega à O2 Arena.

As imagens e jogos de palco variam muito de música pra música. Algumas apenas com replicação da imagem da banda ao vivo e outras com clipes e mensagens específicas. Em We weren't born to follow, por exemplo, expressões como "Break the chains" são intercaladas com imagens de celebridades como Obama e Winston Churchill (não se surpreendam se no Brasil houver imagens do Lula). É impressionante como o vídeo consegue ampliar a dimensão e a absorção cognitiva das músicas e tornar músicas sem graça em experiências agradáveis. É o caso de When we were beautiful, que torna tudo em um verdadeiro vídeo clipe, e em especial Work for the working man, com uma animação gráfica muito bem feita simulando o dia-a-dia de uma fábrica e profissionais trabalhando, martelando conforme a batida da música. Em certo nível, dá até pra começar a pensar em músicas como sub-marcas de produto.

No final das contas, tudo é montado pra gerar uma experiência global da marca e estimular não só as vendas nas lojas (e consegue), mas para gerar uma experiência diferenciada e encantadora, motivar recompra de tickets (o Bon Jovi fará, ao todo, 12 shows na O2 Arena) e fidelizar o cliente ainda mais, incorporando ao seu DNA cultural e história pessoal essa vivência memorável.

No meu caso, essa experiência pessoal foi composta de: um email pela manhã - um show surpresa no início da tarde - compra de produtos licenciados - show principal. E ainda assisti Brasil x Tanzânia no restaurante da O2 Arena. Vou falar disso pelo resto da vida. Ou seja: Brand Mission completed!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Blame it on the love of rock and roll: a Bon Jovi experience. (parte 1)

Ao longo da minha vida, as pessoas sempre me associaram a 3 coisas. Alguns me chamam de Leo Tricolor, outros de Leo Basquete e tem uma outra galera que me chama de Leo Bon Jovi (tá... também tem a galera do Leo Careca, mas essa não se aplica - hehehe). Não que sejam coisas que eu force ou me caricaturize. Não foram predicados que eu mesmo tenha me dado, mas vieram de amigos, conhecidos, convivas e sabe-se lá (no caso do Careca, veio de um bando de "sem mãe"). No final das contas, são coisas que acabam ficando evidentes e que eu não demoro a manifestar com certa dose de paixão.

Dito isso, ontem foi o show do Bon Jovi aqui em Londres. Sentiu o drama? Aqui vai uma pequena resenha do que aconteceu lá, mas essa resenha vai ser dividida em duas partes. A primeira, esta que você está lendo, conta o lado fã. O segundo, que vem em breve, vai tentar em algumas linhas descrever o lado branding da coisa.

Antes que vc diga que meu lado fã influenciará qualquer análise, aí vai um recado: é óbvio que sim. Vc tinha dúvidas?? Assim como a avaliação técnica também influenciou a forma como eu aproveitei o show. Mas ok... Lets cut the crap.

Preâmbulo
Vou dizer que pra essa coisa de Rock and Roll eu tenho certa dose de sorte. Trabalhei no Rock in Rio, fui a um showcase desse mesmo Bon Jovi fechado pra 400 pessoas e ontem, numa preguiçosa manhã de segunda-feira, recebo o seguinte email: http://bit.ly/atYJpb

O que era preguiça, virou doideira. E lá fui eu pra O2 Arena pelo menos 5 horas antes do previsto. O show surpresa foi maneiro e transmitido nacionalmente pela TV e se você tiver um pouquinho de paciência e um olhar apurado, vai acabar vendo um rosto familiar na multidão clicando aqui: http://bit.ly/dcvWxV

O show
O Bon Jovi entrou no palco pontualmente às 20h30, trazido pelas imagens de um clipe conceitual da tour The Circle. Euforia na galera e tal quando entram os primeiros acordes da fodesca Blood on Blood. Essa música em uma espécie de tributo aos fãs porque não é uma música óbvia, não é um hit radiofônico, mas é um clássico do álbum New Jersey que, pra gostar, tem que ir atrás do repertório da banda.

Uma das coisas que me fez desanimar do Bon Jovi nos últimos anos nem foi tanto o lançamento de álbuns pouco inspirados e tal, mas o que me chegava das apresentações ao vivo me desapontava. Desde meu último show do Bon Jovi, eu vi o Whitesnake de David Coverdale, vi o Iron Maiden de Bruce Dickinson, vi um remendado Guns n' Roses de um irreconhecível porém kick ass Axl Rose e todos eles me faziam perguntar: "cadê o velho Jon? Que merda esse cara ter perdido o tesão pela coisa". Ontem, Jon me fez cuspir cada palavra com o gosto de alguém que cospe um chiclete que não aguenta mais mascar.

A conexão do cara com a platéia, o entusiasmo e a interpretação das músicas trazem a platéia pra ele, da forma como o Jon quer. A facilidade de comunicação do cara é algo impressionante. Antes de abrir Bad Name, Jon manda o seguinte (inflamado e inflamando): "This is not a video. This is not on TV. This is not digital or a game! This is THE REAL DEAL! The only TRUE AMERICAN IDOL is standing right here!" E a música entra em seguida pra delírio de milhares.

Antes do Jon parar pra tomar aquela aguinha, a banda ainda fez o tradicional Medley com Bad Medicine, dessa vez com Roadhouse Blues (The Doors). E aí o Jon sai do palco pra tomar uma água e o bom dessa conversa é que quando Jon vai se refrescar, Richie assume o vocal e aí, meu amigo, é AULA.

Sambora é um caso a parte, merece um post só dele. Mas é IMPRESSIONANTE como o cara transpira carisma. Todo mundo sabe que o Jon é o líder e é para onde todos os holofotes estão voltados. É a ele que a mulherada quer e é ele quem tem a missão de entreter geral nos shows. Mas o Sambora é tão foda, mas tão foda que é ter um solo dele que a platéia vem abaixo. Agora imagina quando o cara assume o vocal: O2 Arena INTEIRA de pé, aplaudindo e gritando em saudação ao King, que sem desapontar, leva Lay Your Hands on Me.

De volta ao palco, dessa vez um mini palco montado no meio da platéia e lá sozinho, Jon com um faixo de luz apenas sobre ele, conduz quase que uma prece coletiva com Hallellujah, de Leonard Cohen. De joelhos ao chão, Jon encerra a música sobre aplausos mais do que merecidos deste então sorridente e arrepiado (até nos cabelos que ficaram no caminho) escriba.

Jon então chama Sambora no mini-palco e iniciam os acordes de I'll be there for you - a única balada mesmo a fazer parte do show. Detalhe: com Jon nos vocais - por duas tours, essa música foi cantada por Sambora e agora voltou à voz original, com Richie fazendo a segunda voz. Em seguida, a preferida do Jon: Wanted Dead or Alive.

Uma música ou outra depois, a banda deixa o palco e volta para mais algumas canções. E a volta foi melhor do que a encomenda, com a improvável In These Arms. Numa hora como essas, o sujeito, por mais rouco que esteja, canta até em linguagem de surdo-mudo e dá seu jeito.

Pra fechar, Jon inicia acapella (como já é tradicional) os primeiros versos do refrão de Living on a Prayer "You got to... Hooooold on... to what we've got and doesn't make a difference if we make it or not/ We got each other and that's a lot for love.../ We'll give it a shot - Oooooh, we're half way there..."

O resto, ele deixa pra galera finalizar e então iniciar a música em si. A resposta foi tão positiva, a galera cantou tão forte e tão alto, que ao final, Jon rebate: "Where am I?? Is this New Jersey?!" e a música enfim começa.

E aí vai um ponto interessante: a platéia aqui funciona de forma muito peculiar. Tudo começa lentamente. Existe a euforia inicial de ver a banda no palco sim, mas a resposta pós-baque é tímida e a galera vai se empolgando progressivamente. Lá pela metade do show, a casa já explodiu e o final é o êxtase total. Termina o show e neguinho tá cantando até toque de celular.

O pessoal aqui venera o Bon Jovi. Então, meu estado de fascínio com toda a experiência foi (1) fruto de um show FORA DE SÉRIE de uma banda FODA e que sabe como poucas conduzir uma platéia e (2) contagiado por um estado de magia coletiva de uma galera que canta tudo e aplaude em delírio ao final de todas as músicas. Até que ponto eles se relacionam? Até que ponto um abastece o outro, fazendo um espetáculo mágico? Como isso acontece??

Isso fica pro próximo post!

domingo, 6 de junho de 2010

Acorda, porra!

Ainda tem alguém aí?

Depois de muito tempo, tem texto novo nessa bagaça. Durante todo o inverno este blog esteve parado porque HIBERNAR É PRECISO. Mas agora voltou. Até quando, não se sabe, então aproveite enquanto é tempo. =)

No último post, eu prometi descrever como foi a noite de reveillon e eu considero que promessa é dívida. Então, para iniciar essa postagem, aqui vai a descrição do meu 31 de dezembro: Foi uma merda.

Cumprida a promessa, vamos adiante.

O curso
Reta final. Faltam 3 meses e meio. Aulas já não existem mais desde fevereiro e já iniciamos os projetos. Primeiro report foi entregue sexta-feira: tensionantes 35 páginas de textos e imagens que me custaram preciosos (e muitos) fios de cabelo que não voltarão mais. Pelo menos, o tema ajudou.

Decidi fazer um projeto de design e branding para o mercado musical: uma estratégia para um selo de rock independente ultrapassar a crise de produto que o mercado musical vive desde que a MP3 transformou o cd em um produto obsoleto. O lado bom dessa parada é poder ir a shows sem se sentir culpado por não estar trabalhando, afinal no show vc está realizando uma "Observação Participante" (A-hã…).

KISS
Goste ou não, é complicado negar a força do ícone KISS na história do Rock. Olhar aquelas mascaras trazem várias representações simbólicas daquilo que eles eram nos idos dos anos 70 e 80. Todo conteúdo subversivo que existia ali, diante de uma sociedade chocada com "o mau encarnado": os caras que matam pintinhos no palco e babam sangue. Eu tinha medo quando era moleque e muita gente se chocava mesmo.

Mas é curiosa essa coisa de tempo… Vc olha pra barriga do Paul Stanley e a primeira coisa que te vem à cabeça é a sigla INSS. Gene Simmons botando aquela língua pra fora toda hora me faz pensar em como esse sujeito vai estar se comportando quando a esclerose chegar - e ela não tá tão distante assim.

Mas o espetáculo como um todo é foda. Telões, liftings, músicas (apesar da voz do Paul Stanley não estar boa nem pra chamar garçom, quanto mais pra xingar no trânsito, mas isso o dedo médio resolve sem grandes problemas), pirotecnia. Muito do caralho.

E no final das contas, ainda peguei a paleta do Paul Stanley - é pançudo, mas ainda é o Starchild.

Tudo em nome da ciência.

H.E.A.T
Dia 23 foi o show do H.E.A.T. A banda sueca é emergente no cenário Hard. Lançaram agora seu segundo álbum e ainda tentam um lugar ao sol, mas têm ido bem. O show aqui em Londres aconteceu num pub pequeno, mas MUITO ROCK AND ROLL. Banda circulando no meio da galera, montando seu próprio equipamento e fazendo passagem de som na frente de todo mundo. E a passagem de som, só a passagem de som já teria valido o ingresso.

Sentado no balcão do bar e de frente pra banda ajustando instrumentos, quando subitamente as primeiras notas que saem do teclado de Jona Tee são as de Separate Ways (Journey). PUTA QUE ME PARIU!!!! (essas palavras não estão apenas no texto, estejam certos de que foi exatamente isso que me passou pela cabeça - impressionante como brasileiro, quando é acometido de alguma emoção mais forte, pensa logo em palavrão).

O show inteiro foi muito foda. Proximidade público-banda é um negócio incrível. No final do show ainda entrevistei a banda pro meu projeto. Pra finalizar a noite, voltei pra Uxbridge de buzunga na madruga, lembrando os bons tempos de guerra na ECO-UFRJ. E teve direito a baldeação e tudo. Baldeação em London Town é muito rock and roll. hehehe

Que vidinha merda…
Amanhã tem Bon Jovi na O2 Arena. Pergunta se eu vou.
Dia 15, na outra terça, tem Aerosmith na mesma O2 Arena. Se quiser, pode perguntar também.

See you next post!