sábado, 24 de outubro de 2009

Drops das semanas #4 e #5

Trabalhos
É... semana passada não rolou de postar. Foi foda (e ainda está sendo). O ritmo dos caras é bem acelerado e tenho vários trabalhos porradas (mas maneiros de fazer) pra entregar.

Goa Party
No sábado passado, a expectativa era a de ir numa tal de Goa Party. A parada é festa de música eletrônica e tinha todo um esquema underground rolando. Pra manter o espírito, os caras tinham todo um mistério sobre a festa.

Só foi informado da parada quem fazia parte de um grupo específico no Facebook e a tarefa dessas pessoas era passar a idéia adiante. Coisa de amigo pra amigo e pra amigo e pra amigo e por aí vai.

Pra continuar, ninguém sabia onde a festa seria. A parada era ligar para um telefone X às 10h da noite do dia pra saber onde ia acontecer e então rumar pra lá. Tudo isso "pra polícia não descobrir".

Fuck the Baby!
Antes de rumar pra festa, fomos pra casa de 3 camaradas: Colin, um irlandês típico (beberrão, chatubeiro e muito gente boa), Jorge, espanhol tranquilão e Rick, que não estava lá. Éramos 7 dentro da casa e o papo seguia na boa e a música também, até que o vizinho porrou a porta pela primeira vez. Loic, o belga, voltou com a notícia: Galera, pega leve pq o cara tá pedindo silêncio. Só que birita é um ótimo remédio quando o sujeito quer esquecer de alguma coisa. É só perguntar pra qualquer corno, recém separado ou mesmo tricolor por aí. Então o tom e a empolgação subiram novamente.

Segunda porrada na porta. A estratégia é: outra pessoa atende a porta pro cara precisar recomeçar o processo de reclamação - sabe como é... se atende o mesmo cara, o vizinho se daria o direito de expressar maior puteza, mas mudando, ele tende a conter a marra. Jorge vai, volta e a conversa é a mesma: o cara tá bolado e quer silêncio. Nessas, chega um grupo de 4 chineses (1 macho e 3 fêmeas) e aí já viu: mistura álcool com a chegada de chinês fudeu, é pior que Alzheimer. Tome falação e chatuba. Resultado: porrada na porta pela terceira vez e agora quem vai é Colin. O irlandês volta e a situação é: vizinho puto pq tem um bebê e a criança não consegue dormir com o esporro que estamos fazendo (mentira! esporro nenhum!!) e que da próxima vez, quem vai bater na porta é a polícia.

Indignação toma conta do recinto. Uma indignação silenciosa, diga-se de passagem. Nesse momento, éramos o grupo mais socialmente responsável e inclusivo do planeta: todos falando em linguagem de sinais, pena que não tinha nenhum surdo-mudo na parada - tá certo que os caras não iam entender pourra nenhuma, mas e daí? O que vale é a intenção, não é mesmo?

Mas onde é que nós estamos?? Não são nem 11h da noite! Ele não pode reclamar até às 11h!! Pra fazer mais sentido, transcreverei esta parte em inglês:

Jorge - "Man... we should soundproof this room."
Colin - "No, man. Let's soundproof the baby"
Leo - "Oh, man... FUCK the BABY!"

Silêncio! Até que Colin ri e grita "Yeah, man!! FUCK THE BABY!!"

Agora Fuck the Baby já se tornou uma marca. Será o nome da festa de Halloween, que acontecerá na mesma casa com faixa e tudo, terá uma sub-marca, chamada "Fuck the Neighbour" que imprimiremos nas camisas que serão obrigatórias na festa, o que significa que toda vez que bater na porta, o vizinho receberá a mensagem. E, evidentemente, virou mote da galera. Fuck the Baby is everywhere!

Programa de índio
Ficamos sabendo onde a porra da festa seria às 11h30 da noite, quando já tinhamos entrado no metrô. O tempo passava e não teríamos condições de chegar lá de metrô pq já era tarde e não conseguiriamos fazer as conexões a tempo. Resultado: vamos de taxi, mas até lá, tome frio no lombo do terceiromundista.

E finalmente chegamos na festa. Como toda festa rave, minha paciência pra música eletrônica só dura a primeira hora e meia. Passado esse período, vem o tédio e por fim a rua. Com exceção do suiço que "gosta de buceta", geral que foi junto tinha a mesma opinião e vazou.

Bon Jovi
Cinco shows em Londres marcados para junho de 2010. Irei.

IPhone
Agora eu tenho. Rá!

Terceiro trabalho
Sexta-feira foi passado mais um trabalho pra gente. Dessa vez, não pudemos escolher os grupos. No sorteio das chaves, caí num grupo com um casal de coreanos, duas tailandesas e uma chinesa.

Sério... não me perguntem os nomes dessa gente pq eu não lembro.

sábado, 10 de outubro de 2009

Drops da semana #3

Ainda sobre a semana 2
Rolou a festinha péla-saca de boas vindas da universidade aos alunos de pós. Birita de graça pra geral. Passadas algumas horas de festa, quando geral já tava dançando freneticamente, a vocalista da banda diz:

"Gente, tenho uma má notícia pra vcs. Infelizmente, só temos tempo pra mais uma música."

*Consternação*

"É... eu sei que é chato e tal, mas é o que nos resta. Mas a boa notícia é que guardamos o melhor para o final. A música que vamos tocar agora é A MÚSICA e tenho certeza de que todos vão se amarrar."

E a banda começa a tocar Living on a Prayer. Euforia em TODOS os presentes (o que, pra mim, é novidade quando o papo é Bon Jovi - eu, este brasileiro que vive sua primeira experiência no exterior). Definitivamente, a cabeça dessa gente aqui está muito a frente nossa...

Falando em Bon Jovi...
Meu vizinho de quarto aqui não pára de ouvir Runaway. São, pelo menos, 4 vezes por dia. Pra quem tinha dúvidas, estou em casa. hehehe

Raposas
Eu jurava que eram coisa de desenho animado, rapaz... Passei por duas ontem aqui dentro do câmpus, uma na garagem de um dos alojamentos e a outra na entrada principal, caminhando pelo jardim.

Estranho essa coisa de conhecer bichos novos, pq vc simplesmente não sabe o que pensar nem como agir. Se você está andando e o bicho te segue, o que fazer? Olhar pra ele com cara de mau, bater o pé no chão e dizer "Passa, seu merda!"? Pegar um pedaço de pau, cair na porrada com o bicho, arriscando ser visto por toda a comunidade universitária como inimigo dos animais e mesmo a ser processado? Ou jogar seu orgulho humano no lixo, sair correndo - o que será absolutamente inútil já que provavelmente o ser humano é o bicho mais lento da natureza depois das tartarugas - e virar chacota inclusive no reino animal?

Ao menos, as duas raposas cagaram pra minha existência. Deviam ter coisa melhor pra fazer, tipo comer esquilos.

Enfim, matriculado
Depois de muito tumulto, finalmente consegui me matricular. Sr. Pinho foi agilíssimo e conseguiu convencer o meu gerente do BB a concluir a transação mesmo durante a greve A grana ainda não bateu na conta da universidade (o que deve acontecer na segunda), mas o comprovante de transferência foi suficiente.

O bom dessa fase "não matriculado" foi que eu conheci todos os seguranças da night Bruneliana. Pra entrar no Hamilton Center, local onde estão os pubs e a boate dentro da universidade, é preciso apresentar o ID, o que eu não tinha até agora. Então, toda vez que eu queria entrar lá de noite, eu tinha que conversar, apresentar a carta da universidade, meu passaporte e tal. Nos últimos dias, os caras já tavam me deixando entrar na manha. Teve um que olhou meu passaporte e mandou: "Mmm... Brasileiro... (isso mesmo, em português)".

Ueeeeeeeeeeeeeeeeepa!!!! (vinheta do Ricky Martin MODE ON) Será que eu ouvi direito essa porra??

"É que eu sou português. Vai lá!" A partir daí, toda vez que eu aparecia na porta, o cara já largava: "Entra lá, brasileiro"

Parece sacanagem
Agora que conseguimos furar a greve e a transação foi concluída, a greve acaba. Ah, vá tomar no c*!!!!

Isso em nada tira o mérito do Sr. Delega, este grande articulador, diga-se de passagem.

País do Futebol - Parte 3
Ritwik é um camarada indiano aqui do flat. Gente finíssima e que tem uma estranha tára por chinesas, tava comentando comigo um lance muito curioso. As palavras foram as seguintes (tecla SAP, por favor):

Cara, vc não tem noção. A India inteira torce pela seleção brasileira. Como somos verdadeiros pernas de pau, torcemos todos pelo Brasil. Considerando que somos quase 2 bilhões de habitantes somente dentro do país, fora os que estão por aí, podemos dizer que a maior parte da torcida brasileira está na Índia e não no Brasil.

Interesting...

sábado, 3 de outubro de 2009

Drops da semana #2 (a bit longer this time)

Não é só no Brasil!
Entre as tarefas que tive que cumprir quando cheguei aqui foi completar meu registro de estrangeiro junto às autoridades policiais. Faz parte de todo o procedimento ligado ao visto e coisa e tal. Fui na sexta passada tentar resolver isso, já que eu tinha 7 dias pra cumprir a tarefa. No papel que peguei na delegacia aqui de Uxbridge dizia que o horário de funcionamento do bagulho iria de 9am até 4pm. Cheguei no lugar às 3pm e pensei "Que beleza... primeiro mundo! A parada mal tem fila! Vai ser rapidinho."

Me aproximei e encostei na porta do lugar, mas lá estava um cara parado e ele me disse no melhor sotaque britânico: You can't go in, sir. Sorry, but no more registrations for today! You must come on Monday in the morning". O cara soava como uma autoridade (o que não é novidade, levando-se em conta que ele é policial, embora estivesse vestido como um burocrata) e como to na casa dele, aceitei e voltei até Uxbridge. Contrariado, porém conformado.

Quarta-feira voltei (segunda eu tive aula e ele me disse que não seria problema ir na quarta). Saí de Uxbridge às 10, torcendo pra que o tal do maluco não desse as caras. Cheguei às 11h da matina, saí da estação Borough e dali já dava pra ver a fila, que a esta altura já dava a volta pela esquina e ia embora (Isso aqui ô, ô/ É um pouquinho de Brasil iá,iá...).

Desânimo. Porém, sou brasileiro e não desisto nunca, muito menos quando o papo é tão trivial quanto uma fila de quase 30 dias de comprimento. Tudo teria sido perfeito se... É... isso mesmo. Lá estava a PORRA do cara no final da fila, com a mesma roupa aliás, o que tornou seu reconhecimento ainda mais simples - me questiono se a padronagem de uniformes policiais no UK atingiu um novo patamar estético ou se o cara não tem mesmo um pingo de imaginação. Já que tava ali mesmo, fui até ele só pra ver o que ele dizia pro japinha que se prostrava com o olhar atento de quem não está entendendo porra nenhuma. Evidentemente que minhas suspeitas se confirmaram: volte amanhã, mas esteja aqui por volta das 7 da manhã.

PUTA MERDA!!! SETE DA MANHÃ??? Mas que filho da puta! Mas também, o que esperar de um sujeito que é pago pra passar o dia inteiro no final de uma fila??? O trabalho dele já é uma merda, porque não se divertir um pouco, mandando milhares de imigrantes pegar o trem de volta para a puta que pariu diariamente?

Acordar às 5
Bom... pra estar na porra da central de polícia às 7 da manhã, eu teria que acordar às 5h. Quem me conhece sabe que este é um sacrifício muito maior do que trabalhar um dia inteiro com caganeira, do que comer bife de fígado no almoço e superado somente por vestir a camisa do Flamengo (coisa que não acontecerá jamais, pq dignidade não é algo que eu jogue fora).

Acordei às 5h. Cheguei já era 7h03. Bolei... essa porra de pontualidade britânica é foda. Três minutos é tempo suficiente pra que a porra do Mr. Bean (sim, pq brasileiro é assim: na primeira oportunidade entende a autoridade com certa contrariedade, na segunda ele já fica puto, na terceira ele já coloca um apelido jocoso de antemão, só de precaução) estivesse lá, olhando com cara de autoridade e me dizendo "Eu falei pra chegar às 7h. Vc está atrasado. Volte pra puta que te pariu e chegue mais cedo amanhã. Mua-ha-ha-ha".

Felizmente, Mr. Bean não estava lá, mas já tinha coisa de 30 pessoas na fila. Esperei por duas horas até os caras chegarem e aí a coisa até que fluiu rápido. Sou um cara registrado e perfeitamente ok com minhas obrigações junto à Rainha.


País do Futebol PARTE 2
To eu lá na porra da fila, um ventinho frio chato... Atrás de mim, um sujeito feio e de olho puxado (não, Juninho ficou no Brasil, to falando de outro). Bom... resolvi falar com o cara pq só olhar pro relógio da igreja tava chato bagaray. Papo vai, papo vem e eu pergunto:

- Mas de onde vc é?
- Eu sou chinês, e você?
- Eu sou do Brasil. (vou até reproduzir as palavras dele pra ser mais verossímil, pq o momento merece)
- Brazil? The Football country?

Minha resposta pro chinês foi: - Thank you very much!