terça-feira, 8 de junho de 2010

Blame it on the love of rock and roll: a Bon Jovi experience. (parte 1)

Ao longo da minha vida, as pessoas sempre me associaram a 3 coisas. Alguns me chamam de Leo Tricolor, outros de Leo Basquete e tem uma outra galera que me chama de Leo Bon Jovi (tá... também tem a galera do Leo Careca, mas essa não se aplica - hehehe). Não que sejam coisas que eu force ou me caricaturize. Não foram predicados que eu mesmo tenha me dado, mas vieram de amigos, conhecidos, convivas e sabe-se lá (no caso do Careca, veio de um bando de "sem mãe"). No final das contas, são coisas que acabam ficando evidentes e que eu não demoro a manifestar com certa dose de paixão.

Dito isso, ontem foi o show do Bon Jovi aqui em Londres. Sentiu o drama? Aqui vai uma pequena resenha do que aconteceu lá, mas essa resenha vai ser dividida em duas partes. A primeira, esta que você está lendo, conta o lado fã. O segundo, que vem em breve, vai tentar em algumas linhas descrever o lado branding da coisa.

Antes que vc diga que meu lado fã influenciará qualquer análise, aí vai um recado: é óbvio que sim. Vc tinha dúvidas?? Assim como a avaliação técnica também influenciou a forma como eu aproveitei o show. Mas ok... Lets cut the crap.

Preâmbulo
Vou dizer que pra essa coisa de Rock and Roll eu tenho certa dose de sorte. Trabalhei no Rock in Rio, fui a um showcase desse mesmo Bon Jovi fechado pra 400 pessoas e ontem, numa preguiçosa manhã de segunda-feira, recebo o seguinte email: http://bit.ly/atYJpb

O que era preguiça, virou doideira. E lá fui eu pra O2 Arena pelo menos 5 horas antes do previsto. O show surpresa foi maneiro e transmitido nacionalmente pela TV e se você tiver um pouquinho de paciência e um olhar apurado, vai acabar vendo um rosto familiar na multidão clicando aqui: http://bit.ly/dcvWxV

O show
O Bon Jovi entrou no palco pontualmente às 20h30, trazido pelas imagens de um clipe conceitual da tour The Circle. Euforia na galera e tal quando entram os primeiros acordes da fodesca Blood on Blood. Essa música em uma espécie de tributo aos fãs porque não é uma música óbvia, não é um hit radiofônico, mas é um clássico do álbum New Jersey que, pra gostar, tem que ir atrás do repertório da banda.

Uma das coisas que me fez desanimar do Bon Jovi nos últimos anos nem foi tanto o lançamento de álbuns pouco inspirados e tal, mas o que me chegava das apresentações ao vivo me desapontava. Desde meu último show do Bon Jovi, eu vi o Whitesnake de David Coverdale, vi o Iron Maiden de Bruce Dickinson, vi um remendado Guns n' Roses de um irreconhecível porém kick ass Axl Rose e todos eles me faziam perguntar: "cadê o velho Jon? Que merda esse cara ter perdido o tesão pela coisa". Ontem, Jon me fez cuspir cada palavra com o gosto de alguém que cospe um chiclete que não aguenta mais mascar.

A conexão do cara com a platéia, o entusiasmo e a interpretação das músicas trazem a platéia pra ele, da forma como o Jon quer. A facilidade de comunicação do cara é algo impressionante. Antes de abrir Bad Name, Jon manda o seguinte (inflamado e inflamando): "This is not a video. This is not on TV. This is not digital or a game! This is THE REAL DEAL! The only TRUE AMERICAN IDOL is standing right here!" E a música entra em seguida pra delírio de milhares.

Antes do Jon parar pra tomar aquela aguinha, a banda ainda fez o tradicional Medley com Bad Medicine, dessa vez com Roadhouse Blues (The Doors). E aí o Jon sai do palco pra tomar uma água e o bom dessa conversa é que quando Jon vai se refrescar, Richie assume o vocal e aí, meu amigo, é AULA.

Sambora é um caso a parte, merece um post só dele. Mas é IMPRESSIONANTE como o cara transpira carisma. Todo mundo sabe que o Jon é o líder e é para onde todos os holofotes estão voltados. É a ele que a mulherada quer e é ele quem tem a missão de entreter geral nos shows. Mas o Sambora é tão foda, mas tão foda que é ter um solo dele que a platéia vem abaixo. Agora imagina quando o cara assume o vocal: O2 Arena INTEIRA de pé, aplaudindo e gritando em saudação ao King, que sem desapontar, leva Lay Your Hands on Me.

De volta ao palco, dessa vez um mini palco montado no meio da platéia e lá sozinho, Jon com um faixo de luz apenas sobre ele, conduz quase que uma prece coletiva com Hallellujah, de Leonard Cohen. De joelhos ao chão, Jon encerra a música sobre aplausos mais do que merecidos deste então sorridente e arrepiado (até nos cabelos que ficaram no caminho) escriba.

Jon então chama Sambora no mini-palco e iniciam os acordes de I'll be there for you - a única balada mesmo a fazer parte do show. Detalhe: com Jon nos vocais - por duas tours, essa música foi cantada por Sambora e agora voltou à voz original, com Richie fazendo a segunda voz. Em seguida, a preferida do Jon: Wanted Dead or Alive.

Uma música ou outra depois, a banda deixa o palco e volta para mais algumas canções. E a volta foi melhor do que a encomenda, com a improvável In These Arms. Numa hora como essas, o sujeito, por mais rouco que esteja, canta até em linguagem de surdo-mudo e dá seu jeito.

Pra fechar, Jon inicia acapella (como já é tradicional) os primeiros versos do refrão de Living on a Prayer "You got to... Hooooold on... to what we've got and doesn't make a difference if we make it or not/ We got each other and that's a lot for love.../ We'll give it a shot - Oooooh, we're half way there..."

O resto, ele deixa pra galera finalizar e então iniciar a música em si. A resposta foi tão positiva, a galera cantou tão forte e tão alto, que ao final, Jon rebate: "Where am I?? Is this New Jersey?!" e a música enfim começa.

E aí vai um ponto interessante: a platéia aqui funciona de forma muito peculiar. Tudo começa lentamente. Existe a euforia inicial de ver a banda no palco sim, mas a resposta pós-baque é tímida e a galera vai se empolgando progressivamente. Lá pela metade do show, a casa já explodiu e o final é o êxtase total. Termina o show e neguinho tá cantando até toque de celular.

O pessoal aqui venera o Bon Jovi. Então, meu estado de fascínio com toda a experiência foi (1) fruto de um show FORA DE SÉRIE de uma banda FODA e que sabe como poucas conduzir uma platéia e (2) contagiado por um estado de magia coletiva de uma galera que canta tudo e aplaude em delírio ao final de todas as músicas. Até que ponto eles se relacionam? Até que ponto um abastece o outro, fazendo um espetáculo mágico? Como isso acontece??

Isso fica pro próximo post!

7 comentários:

  1. Isso tudo é a realização de um sonho. De um lindo e contagiante sonho.
    Tati

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  2. É como te falei: ele pode não ter mais voz nenhuma, mas ao vivo o Jon é o cara. Melhor front man que há, não tenho dúvidas. Hallellujah vc sabe que eu não vou nem comentar. Graças a Deus I'll Be There voltou à sua originalidade, Sambora pode ser massa e tal, mas a voz dele acaba com a música, não combinam. Ahhh In These Arms! Que delícia!

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  3. Nem vou comentar nada... hauhauhaua ... :S

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  4. Bruto hein camarada!!! Cadê o segundo post pô??

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  5. ai CARECAAAAA!! finalmente o Bon Jovi arrancou sua calcinha :P

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  6. Grande Leo "Save a Prayer" Pinho!

    Eu também vi os caras em março em Sacramento, Los Angeles e Las Vegas e, putz! Assino embaixo tudo que vc escreveu...
    Não tem jeito, ao vivo os caras são foda e o Jon é mestre! E nesta tour, especificamente, com a variação de set lists, uma valorização ainda maior do Richie e uma PUTA empolgação do Jon, está tudo muito FODA!

    Grande abraço,
    Tiago

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